Sinopse da editora:
“Dona Morte está cheia de trabalho. Por isso, enquanto sai para recolher almas, Penadinho e seus amigos vão ajudá-la em seu escritório, que fica num prédio na cidade. Só que ele deveria estar abandonado… Em Lar, Paulo Crumbim e Cristina Eiko constroem uma trama surpreendente e emocionante com os clássicos personagens de Mauricio de Sousa.”
Ficha técnica:
- Formato 19 x 27,5 cm
- Versões em capa dura e capa cartão
- Lombada quadrada
- 96 páginas
- Data de publicação: julho de 2020
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Apesar de também ler quadrinhos Disney e super-heróis desde o início da minha jornada como leitor, assim como milhares (milhões?) de brasileiros, posso dizer com orgulho que aprendi a ler com a Turma da Mônica. Esta turminha está no mercado há mais de 50 anos, e vai continuar ainda por muito tempo, graças ao talento do Maurício de Sousa e de todos os outros artistas que ele reuniu em torno dele. E é com enorme satisfação que vejo os meus filhos iniciando-se também no mundo da leitura através deste clássico brasileiro. Costumo dizer que não tem remédio melhor para um dia triste do que um gibi do Cebolinha.
Porém, durante muitos anos, o público alvo da Turma da Mônica eram apenas as crianças, do início da alfabetização até mais ou menos o início da adolescência. São raros os casos de pessoas que continuam com a turminha depois desta fase da vida. Alguns partem para outros quadrinhos e livros, mas infelizmente a maioria simplesmente abandona a leitura. Pensando neste público, e por iniciativa do editor Sidney Gusman, a Maurício de Sousa Produções (MSP) lançou diversos quadrinhos de sucesso, como a Turma da Mônica Jovem e Chico Bento Moço, e também esta coleção de graphic novels em formato de álbum europeu, a Graphic MSP.
A ideia é publicar histórias fechadas para um público mais maduro, com o traço e estilo narrativo particulares de cada autor, fugindo do tradicional que é visto nas revistinhas infantis. A coleção é um sucesso de público e crítica, embora algumas edições tenha se destacado mais do que outras. Minhas preferidas, como não poderia deixar de ser, são as aventuras de ficção científica e aventura espacial do Astronauta, que já têm quatro volumes publicados, e o quinto vai ser lançado este mês. O destaque da coleção, é claro, é a Turma da Mônica: Laços, que foi adaptada para um filme divertidíssimo, do qual esperamos que saia logo a continuação (antes que os atores mirins virem Turma da Mônica Jovem!).
Apesar de publicados com cinco anos de intervalo, este segundo volume continua a história exatamente do ponto em que Penadinho: Vida parou. O cemitério está lotado com as almas que a turma libertou do vilão do primeiro volume, e a Dona Morte precisa encontrar uma solução para o problema. Enquanto o Cranicola tenta organizar os novos moradores no espaço apertado, Muminho, Frank, Zé Vampir, Lobi, Penadinho e Alminha vão ajudar a Dona Morte no escritório dela, que fica no topo de um prédio abandonado em São Paulo. Além disso, a turma ainda precisa lidar com os trigêmeos monstrinhos da história anterior, que estão sumidos e são, provavelmente, responsáveis por vários incêndios que têm ocorrido na região.
Em forma humana por ser dia, Lobi sai para buscar comida para ele e Frank. O inocente monstro verde acaba descobrindo que outras pessoas vivem no prédio, sem o conhecimento da Dona Morte. São várias famílias de pessoas sem-teto, que apesar dos perigos do prédio abandonado fizeram dele seu lar, fugindo das agruras da vida nas ruas. A história mostra com sensibilidade a dura vida destas pessoas, que vivem à margem da sociedade na cidade mais rica do país. E que, apesar dos avanços, nosso país ainda tem muito o que fazer para vencer as desigualdade sociais.
Verificando os registros da Dona Morte, a turma percebe que ela já tentou de tudo para tentar atrair os trigêmeos. Muminho então tem uma ideia, tirada de um filme, segundo ele: falar os nomes dos monstrinhos três vezes (o filme, que não tem o nome citado, é o engraçadíssimo Os Fantasmas se Divertem, de 1988. Se você nunca viu, procure corrigir essa falha o quanto antes!). Procurando pelo Frank, Lobi faz amizade com algumas crianças do prédio e sua mãe, Benita. Enquanto isso, o Muminho põe sua ideia em prática, que inexplicavelmente funciona, e os monstrinhos aparecem.
A turma tenta segurar os monstrinhos, que acidentalmente colocam fogo no escritório da Dona Morte. Alguns andares abaixo, o faro apurado do Lobi percebe o incêndio, e alerta os moradores. A Dona Morte consegue enfim atrair os monstrinhos, e leva os três para casa. Lobi tenta ajudar Benita e as crianças a fugirem do incêndio, mas em sua forma de lobisomem acaba assustando-as. Ele consegue acalmá-las, e elas contam que uma das crianças está desaparecida, o Fabinho. Ele é encontrado pelo Penadinho, preso no meio do incêndio. Nosso fantasminha quer ajudá-lo, mas a Dona Morte o adverte que foi por causa de atitudes como esta, em que ele interferiu com os vivos, que ele se tornou uma alma penada.
Ajudadas pela turma do cemitério, as famílias conseguem chegar ao térreo do prédio, mas a saída está cimentada. Frank arrebenta a parede, e todos conseguem fugir. Do lado de fora, encontram com a intrépida repórter Tina, em um crossover com a personagem que teve também sua própria Graphic MSP, Tina: Respeito. Tina chama ajuda, enquanto Alminha volta ao prédio procurando pelo Penadinho. Ela o encontra ainda tentando ajudar o Fabinho e discutindo com a Dona Morte, que revela que o Penadinho estava presente durante a morte da Alminha e fracassou em salvá-la.
A Dona Morte resolve que não tem opção senão ajudar, e com um golpe do seu cajado invoca uma chuva torrencial, que apaga o incêndio. A monstrinha que a turma chama de Pequena, que se juntou a eles no primeiro volume, consegue salvar uma planta que era muito querida pela Benita, e eles a plantam na colina do cemitério. Apesar do final feliz, a Dona Cegonha alerta a Dona Morte que a atitude dela terá consequências, deixando o um gancho em aberto para mais uma continuação.
*** FIM DOS SPOILERS ***
Percebi nesta Graphic MSP o mesmo problema de algumas das outras: os autores tentam contar uma história que não cabe no número de páginas da edição, e ela acaba meio truncada. Não chega a prejudicar a história neste caso, mas ficaria melhor com menos coisas acontecendo ao mesmo tempo – ou mais páginas. Aliás, o casal de autores evoluiu não só a narrativa, mas a arte também está mais madura, em relação ao primeiro volume. Por isso, gostei mais deste segundo do que do primeiro, que achei meio confuso.
Minha edição é em capa cartonada, com papel e impressão de excelente qualidade. Também não encontrei falhas de revisão, e acredito que a Panini tem melhorado neste sentido. Recomendo não só este volume, mas todos os outros da coleção, a você – é, você mesmo – que lia Turma da Mônica quando era criança, e parou ao ficar velho e ranzinza mais maduro.
Nota do Vini: 8 / 10 😀
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