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#Resenha Graphic MSP – Astronauta: Parallax (Danilo Beyruth / Panini Comics)

Sinopse da editora:

“Astronauta nunca esteve tão perto de descobrir onde está. E o mesmo acontece com os pais de Isabel. Só que Danilo Beyruth insere nessa equação uma terceira – e maligna – versão do personagem criado por Mauricio de Sousa. Agora, a volta de cada um à sua realidade é não só uma corrida contra o tempo, mas também contra o(s) espaço(s).”

Ficha técnica:

  • Formato 19 X 27,5 cm
  • Versões em capa dura e cartão
  • Lombada quadrada
  • 96 páginas
  • Data de publicação: setembro de 2020

Compre na Amazon:

As Graphics MSP do Astronauta são minhas preferidas da coleção, graças ao fantástico universo de ficção científica que o autor têm construído, baseado no trabalho original do Mauricio de Sousa. É um universo rico, crível, que em nada fica devendo a outros do mesmo estilo. Fico impressionado com o quanto o personagem cresceu e se desenvolveu a partir de sua versão dos quadrinhos infantis (sem demérito à esta versão, que eu também gosto bastante).

É excelente a notícia de que o autor pretende continuar publicando novos álbuns, sem previsão de encerramento ainda. Fica nítido nas páginas que ainda existem muitas histórias para contar neste universo expandido do Astronauta. Só é uma pena que tenhamos que esperar longos dois anos de intervalo entre uma edição e outra, pois cada vez que terminamos de ler um, a ansiedade para o próximo só fica maior!

O primeiro volume, Magnetar, tem um texto mais contemplativo, filosófico, que me lembrou bastante de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Nele vemos um Astronauta ainda solitário, que luta para escapar de um poderoso campo gravitacional. Parecia que a história seria encerrada ali, como no filme / livro citado. Mas então veio o segundo volume, Singularidade, em que, ainda lidando com o trauma vivido na aventura anterior, o Astronauta é enviado para investigar um buraco negro. A trama é, pelo menos aparentemente, contida em si mesma.

A saga prosseguiu com o terceiro volume, Assimetria, onde o universo do personagem (com o perdão do trocadilho) começa a se expandir. O Astronauta vai investigar um misterioso pico de energia no polo norte de Saturno. Lá ele encontra uma nave semelhante à sua, vinda de um universo paralelo. A bordo, sua contraparte, acompanhado de uma Ritinha grávida e de Isabel, a primogênita do casal. Ao final da aventura, as duas naves são lançadas em direções diferentes, e Isabel acaba inadvertidamente se separando dos pais, ficando com nosso Astronauta.

(Sou só eu que penso assim, ou a versão do Astronauta que é casado com a Ritinha, barbudo e com uma aparência de ter experimentado uma vida mais sofrida, é a cara do Coronel Weird, da HQ Black Hammer? Será que o Weird é mais uma versão paralela do nosso Astronauta?)

A esquerda, duas versões do Astronauta. A direita, três versões do Coronel Weird, de Black Hammer.
A esquerda, duas versões do Astronauta. A direita, três versões do Coronel Weird, de Black Hammer.

No quarto volume, Entropia, Astronauta e Isabel acabam no meio de uma batalha entre dois grupos alienígenas rivais dentro de uma enorme estação espacial. Este volume me agradou um pouco menos do que os outros, pois fiquei com a impressão de que o autor precisava de mais páginas para desenvolver melhor a história (problema evitado com uma ótima solução no objeto desta resenha, como veremos a seguir). Apesar disto, descobrimos lá a origem da vilã Cabeleira Negra, vista pela primeira vez na ótima animação Turma da Mônica em Aventura uma no Tempo, e que vai ter grande importância no desdobramento da saga.

Cuidado: alerta de spoiler!
Cuidado: alerta de spoiler!

A história começa mostrando um terceiro Astronauta, este sombrio e que impõe medo por onde passa. Um tapa-olho indica que ele já escapou de várias encrencas. Ele busca uma audiência com a citada Cabeleira Negra, nesta dimensão a governante de um império. Ele pede a autorização dela para sair mais uma vez em uma busca, e ela permite que ele vá atrás “de mais uma rosa para o seu jardim”. A arte sugere que ele coleciona Ritinhas de dimensões paralelas, e pretende mais uma.

Em outro universo, vemos o Astronauta barbudo com sua Ritinha. Enquanto procuram uma forma de encontrarem sua filha, Isabel, o Astronauta faz uma descoberta surpreendente: a Lua está intacta. Eles voam para a Terra, e também se espantam ao vê-la em perfeito estado, completamente habitável. Eles chegam à conclusão de que trocaram de universo com o outro Astronauta, pois no deles a Lua foi destruída e a Terra teve que ser completamente evacuada. Ou seja, Isabel e o nosso Astronauta estão no universo deles.

Enquanto isso, o nosso Astronauta também faz sua descoberta, ao perceber que o satélite que orbitava um buraco negro em Singularidade ainda está lá, não foi destruído. Ele encontra vivendo no satélite o Major que o acompanhou naquela missão, ou a versão dele neste universo. Aqui, o Major foi enviado sozinho para investigar o satélite, e acabou preso nele ao ter todo o seu equipamento destruído. Ele então investigou o artefato, e descobriu que pertenceu a uma raça antiquíssima, que desenvolveu tanto sua tecnologia que acabou fundida a ela.

Na nossa Terra, o Astronauta barbudo e a Ritinha pousam na Brasa, onde são recebidos pelo Chefe e pela Doutora (gosto muito do que o autor faz, usando os títulos os personagens como seus nomes, mantendo o padrão criado pelo Mauricio de Sousa com “Astronauta”). Enquanto o barbudo explica que eles vieram de uma dimensão paralela, o Conselho da Brasa resolve destituir o Chefe de suas funções, e coloca militares no controle da agência. O Conselho também resolve que o Astronauta e a Ritinha são recursos valiosos, e os prendem, mas eles escapam com a ajuda do Chefe e da Doutora.

Os quatro conseguem chegar até a nave do Astronauta, e decolam rumo a Saturno, para tentar voltar ao universo de origem do barbudo. Eles replicam o sinal que usaram em Assimetria, para abrir o portal para o outro universo, mas veem sair por ele outra nave bola, esta com uma caveira estilizada no casco: é a nave do Astronauta caolho. Eles já o conhecem, e sabem da sua caça pelas Ritinhas “das infinitas Terras”, pois já escaparam dele uma vez.

Na outra dimensão, o Major conta ao nosso Astronauta que conseguiu decifrar parte da linguagem dos alienígenas, e que pode usar sua tecnologia para guiá-los até a Terra. Porém, ao chegarem lá e encontrarem a Lua destruída, eles descobrem que estão no universo da Isabel e seus pais. Eles pousam onde antes ficava a Brasa, agora uma espécie de farol da ICE, a Iniciativa de Colonização Espacial. Conversando com Isabel, o Major descobre que a Lua foi destruída por uma onda gravitacional doze anos atrás, e percebe que ele foi o responsável por isto, ao fazer experiências no satélite octaedro. Cheio de remorso ele tenta se matar, mas é impedido pelo Astronauta.

Em nosso universo, o Astronauta caolho aborda a nave do barbudo. Enquanto Ritinha se esconde, os outros três tentam enfrentar o caolho, mas ele os derruba um a um. Ele os prende e parte, rumo à Terra. Na nave bola do nosso Astronauta, Isabel, ressentida com o que o Major fez, discute com o gêmeo do seu pai. Por fim, ela se lamenta, dizendo que só quer ir para casa. Esta frase faz com que o robozinho Horácio se conecte com a tecnologia alienígena do octaedro, fundindo-os. Eles assumem o controle da nave, que parte em alta velocidade, provavelmente rumo ao universo do nosso Astronauta. Enquanto isso, a nave bola do Astronauta caolho chega na Terra, e paira ameaçadoramente em frente à Brasa. A história é interrompida aqui, obrigando o ansioso leitor a prender o fôlego até a esperada continuação.

*** FIM DOS SPOILERS ***

Completamente a vontade com o personagem e o universo que tomou para si e expandiu, Danilo Beyruth está no auge da sua história. Construída aos poucos e com início despretensioso, a saga do Astronauta cresceu a ponto de virar, sem dúvidas, um marco da ficção científica brasileira. Apesar de alguns inevitáveis (e esperados) clichês do gênero, o texto é conciso e muito bem escrito, mostrando um nível altíssimo de maturidade do autor. O mesmo pode ser dito da arte, belíssima e extremamente clara, especialmente ao mostrar cenários espaciais grandiosos.

Só tenho uma reclamaçãozinha de nada, um preciosismo de minha parte. O autor usou balões de fala para o computador da nave que se parecem demais com os recordatórios narrativos, o que causa alguns microssegundos de confusão. Pelo texto e pelo fundo amarelo, percebe-se rapidamente que trata-se da fala da nave, mas mesmo assim fica como uma humilde sugestão de melhora. Talvez apenas mudando o estilo do balão para algo que sugira uma voz sintetizada.

Não posso deixar de dar os devidos créditos, é claro, aos outros participantes do álbum. As cores de Cris Peter estão perfeitamente integradas à arte, enriquecendo-a, assim como o trabalho das artistas Marina Garcia e Brennda Maria. O editor da coleção, Sidney Gusman, não só faz um excelente trabalho orientando os autores das Graphics MSP, mas sempre garante uma revisão impecável, sem erros. Por fim, muito obrigado ao grande Mauricio de Sousa, por permitir que outros possam “brincar com seus brinquedos”, e nos maravilhar com obras nacionais de tamanha qualidade. Que venham muitas mais!

Se você é fã de ficção científica e ainda não conhece esta série, aceite o meu conselho e compre todas as edições, disponíveis na Amazon. Eu garanto que é diversão garantida, digna de figurar ao lado da sua coleção de Clarke, Asimov e outros gênios do gênero.

Nota do Vini: 9,5 / 10 😃

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