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[Resenha] Superman Ano Um (DC Comics / Panini)

Sinopses da editora:

Volume 1 – “Da explosão do planeta Krypton aos bucólicos campos do Kansas, este primeiro capítulo de Superman: Ano Um acompanha a juventude de Clark Kent, enquanto ele se acostuma aos seus poderes e luta para encontrar seu lugar no mundo. Mais um título do novíssimo selo DC Black Label, agora pelas mãos das lendas Frank Miller e John Romita Jr!”

Volume 2 – “A jornada de autodescoberta de Clark Kent continua na segunda parte da notável reimaginação de Frank Miller e John Romita Jr. da história de origem do Superman. Este capítulo leva o jovem Clark para a costa do Pacífico e além: para um lugar tão sensacional quanto ele… Onde Clark conhecerá novas pessoas, encontrará o amor, entrará em conflito com bestas gigantes e descobrirá o homem que deveria ser.”

Volume 3 – “O último capítulo na versão de Frank Miller e John Romita Jr. para a origem do Homem de Aço! Em seu longo caminho rumo à lenda viva que todos conhecemos, Clark Kent chega a Metrópolis! Testemunhe o início das amizades com Lois Lane, Jimmy Olsen, todo o Planeta Diário, um certo Cavaleiro das Trevas e uma radiante Princesa Amazona!”

Ficha técnica:

  • Formato 21,5 x 27,5 cm
  • Capa cartonada
  • Lombada quadrada
  • 72 páginas (cada volume)
  • Data de publicação: março, abril e maio de 2019

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Como eu disse no post anterior, gosto de novidades e de variedade. A proposta desta minissérie era exatamente esta, proporcionar aos consagrados Frank Miller e John Romita Jr. a oportunidade de reinventar o início da carreira do Superman. Aliás, o selo Black Label foi criado pela DC com este propósito. Substituto do saudoso Vertigo, sob este novo selo os autores teriam, ao menos em teoria, a mesma liberdade criativa para contar a história que desejassem, sem amarras editoriais. Porém, enquanto que no Vertigo normalmente eram publicados apenas personagens dos próprios autores, o Back Label abarca também os heróis consagrados da editora.

Cuidado: alerta de spoiler!
Cuidado: alerta de spoiler!

O volume 1 reconta a história de origem do Superman: a fuga de Krypton enquanto o planeta explode, a queda na zona rural do Kansas, onde o bebê é adotado pelo casal Jonathan e Martha, a descoberta dos poderes durante a infância. Novamente vemos como os pais adotivos ajudaram o pequeno Clark a lidar – e a esconder – seus poderes. Já na escola, Clark precisa aprender também a se controlar ao sofrer com o bullying, afinal, para ele os humanos são frágeis como se feitos de papel. Depois de salvar a Lana Lang de uma turba de delinquentes, Clark resolve contar seus dois segredos: seus poderes e seu amor por ela. Eles iniciam um namoro, que termina junto com o ensino médio, quando Clark decide deixar Smallville e sair para conhecer o mundo.

No volume 2, Clark se alista na marinha, acreditando que esta será a melhor forma de servir ao povo que o acolheu. Seu treinamento começa, e logo os comandantes notam que ele é especial, pois seu desempenho é muito superior ao dos colegas, mesmo que ele esteja se contendo. Numa madrugada, observando o mar, ele percebe “sereias” nadando, que na verdade são atlantes. Após se envolver em uma briga de bar e ser penalizado por seu comandante, Clark resolve procurar pelas “sereias”, e faz duas descobertas: ele consegue respirar embaixo d’água, e os atlantes vivem em uma cidade submarina (que não é Atlântida, que fica – quem diria – no Atlântico).

Clark chega na cidade exatamente no momento de um desastre. Um submarino de vigilância da marinha, um drone, afundou e atingiu a cidade. Ele se junta aos esforços dos habitantes locais, ajudando a resgatar as vítimas do acidente, e chama a atenção da filha do governante local, Lori Lemaris. De volta para a superfície, Clark participa de sua primeira missão junto com os colegas: resgatar um petroleiro e sua tripulação, que são reféns de piratas. Clark consegue impedir que o último pirata em pé detone uma granada, matando a si mesmo e vários marinheiros, mas ao ver que alguns dos bandidos morreram na ação, começa a repensar o seu futuro como soldado. Ao ser questionado por que não disparou um único tiro, Clark desiste, pedindo baixa.

Ele resolve então procurar por Lori, e se apaixonam. Para impressionar e conseguir a aprovação do pai dela, ele veste pela primeira vez o traje de Superman, e se apresenta para uma série de desafios. Estátuas de pedra, lava, enguias elétricas, nada consegue nem mesmo perturbá-lo, até que chega o desafio final, um kraken. Eles lutam, e o monstro consegue devorá-lo, acreditando ter vencido, mas o Superman consegue forçar a ser vomitado. O kraken chama a mamãe, um monstro muito maior do que ele, que esmaga o Superman, mas nem assim consegue machucá-lo. O rei então admite a derrota, e aprova o relacionamento do casal.

No último volume, Clark já atua como Superman há um tempo. Ele salva a repórter Lois Lane, que investigava a cidade atlante em um submarino e foi atacada por suas defesas. Em seguida, ele também livra a própria cidade subaquática de uma investida da marinha. Formado em jornalismo, ele se muda para Metrópolis e consegue um emprego no Planeta Diário, e depois cria o famoso visual de óculos do pacato repórter Clark Kent. Ele passa a atuar na cidade como Superman, e os autores aproveitam para recriar a primeira aparição do herói, quando ele salvou uma mulher de ser espancada pelo marido violento, e deu uma lição para não ser esquecida no “machão”.

Os vários atos heróicos na cidade logo chamam a atenção do seu cidadão mais famoso, Lex Luthor. O vilão quer o Superman sob seu comando, e para isso envolve o herói em um plano, em que pretende colocá-lo contra o misterioso vigilante que está atuando em Gotham: Batman. Formando uma parceria, Luthor e o Coringa conseguem manipular os dois heróis, provocando um confronto. Aliás, um confronto de egos, apenas. Eles se encaram e trocam bravatas, como dois alunos do ensino fundamental. Batman até usa algumas armas, inócuas, mas quando o Superman finalmente sai do sério e se prepara para golpear, é impedido pela Mulher-Maravilha. Ela faz um belo discurso em que apela para o senso de justiça de ambos, e os três se unem para procurar o verdadeiro responsável pela confusão, Luthor. Amarrado pelo laço mágico, o vilão confessa vários crimes, e também conta uma informação importante para o Superman: existem mais kryptonianos sobreviventes, e eles são prisioneiros de Brainiac na cidade miniaturizada e engarrafada de Kandor. Despedindo-se de mais um interesse romântico, a Mulher-Maravilha, Superman voa para o espaço, para tentar resgatar os seus compatriotas.

*** FIM DOS SPOILERS ***

Infelizmente, o resultado desta minissérie ficou bastante aquém da expectativa provocada pela reunião de dois grandes artistas. O texto de Frank Miller soa enfadonho e repetitivo, e há muito tempo o autor não escreve nada que lembre os seus grandes sucessos dos anos 1980 e 1990. A história é narrada na maior parte por recordatórios com a fala dos personagens, o que fica confuso e cansativo. Além disso, ele repete muitas vezes algumas falas, suponho que para enfatizar, mas acaba sendo entediante. O seu Superman mantém a essência do personagem, dá para perceber que todo o altruísmo e senso de responsabilidade ensinado por seus pais estão lá, mas ele também é irritantemente arrogante. O mesmo acontece com o Batman, que mostra uma personalidade similar à que vemos em O Cavaleiro das Trevas, mas lá temos um herói idoso e cansado, com razões para seu cinismo, enquanto que aqui ele seria ainda um novato.

Quanto à arte, acredito que, apesar do talento inegável do John Romita Jr., ele não foi a escolha ideal para história. Gosto muito do traço meio caricato do Romitinha, porém, em minha opinião, ele combina mais com histórias e heróis urbanos, como o Demolidor e o Homem-Aranha. Para o Superman, principalmente em uma história que reconta a origem e o início de carreira dele, acho que um traço mais clássico seria o ideal. Sendo justo, nesta obra o traço está menos caricato, lembrando inclusive um pouco da arte do pai, John Romita Sr. Para entender o que estou falando, compare a arte desta história com a fase atual do herói, ilustrada pelo brasileiro Ivan Reis:

Superman Ano Um - arte de John Romita Jr.
Superman Ano Um – arte de John Romita Jr.
Superman - arte de Ivan Reis
Superman – arte de Ivan Reis

As três edições, em formato maior do que o americano, tem bom acabamento e nenhuma falha aparente. Porém, assim como no caso da minissérie Batman – Último Cavaleiro da Terra (já resenhada), acho que ficaria melhor em uma única edição encadernada.

Concluindo, não consigo recomendar esta HQ. Tem bons momentos, principalmente no começo dos volumes 1 e do 3, mas são superados pelas falhas. Só vale a pena se você for um grande fã do personagem ou dos autores. Que pena!

Nota do Vini: 5 / 10 😐

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